Tenho uma casa inteligente: ela sabe guardar água para o caso de haver SECA na minha cidade.
Toda vez que chove, fico lembrando a semana inteira. As goteiras fazem o favor de me refrescar a memória - sem a intenção de fazer trocadilhos - cada vez que passo por elas. E como não haveria de passar, tendo em vista que elas estão espalhadas pela casa inteira?
Mas o que me incomoda mesmo não é o fato de eu ter que ficar enxugando a casa dias após a chuva. De forma alguma. O que me incomoda é que os pingos parecem ter uma afeição doentia por mim, não conseguindo manter distância da minha pessoa... Ou estariam eles revoltados por eu secar os amiguinhos deles - que teimavam em cair justo onde eu acabara de passar o pano - e, portanto, haviam se juntado para me atormentar?
Não sei. O caso é que minha irmã não parecia ser afetada por esses montinhos de água estressados. Um dia desses, pós-chuva, parei para observar enquanto ela passava pelas goteiras localizadas na 'porta' do banheiro. Acreditam que tem goteira dos lados de fora e dentro do lugar? Pois é, este fato torna a 'travessia seca' do local quase impossível.
Vi minha irmã entrar e sair do banheiro sem um pingo sequer, enquanto eu sempre era atingida pelas duas goteiras quando entrava e novamente quando saía. A diferença entre nós era que ela não parecia se importar com as gotinhas e, portanto, passava calmamente por baixo delas. Já eu, cansada de levar água na cabeça, atravessava as goteiras apressadamente, como quem foge de algo ruim, e era sempre atingida.
Hoje, ao passar calmamente por uma delas, consegui - pela primeira vez - chegar ao outro lado sequinha. Foi então que percebi uma coisa: estes pingos eram como os problemas que temos na vida - por mais que tentemos fugir, correr deles ou evitá-los, eles sempre virão atrás de nós para nos atingir. A solução é ter calma, encarar sem medo e seguir em frente sem fugir. Se funcionou com as goteiras, por que não tentar com as outras dificuldades que nos atormentam?
Dá para tirar lições de vida de um simples acontecimento do dia-a-dia, basta prestar atenção.
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