domingo, 14 de julho de 2013

Papo de garota

Do outro lado da rua, a peculiar figura de sorriso contagiante que ela aprendera a amar ia aos tropeços, apressadamente desviando - nem sempre com muito sucesso - de tudo e todos na calçada. Seus olhares se cruzaram e esta não pode evitar um aceno de mão e a tentativa de diálogo que se deu da seguinte maneira, enquanto atravessava a tumultuada faixa de pedestres:
  
- Menina, quanto tempo!
  - Pois é! - respondeu rapidamente, enquanto olhava para os dois lados da rua numa fração de segundos, antes de começar a atravessá-la.
 - Aonde vai assim, tão apressada?
 - Tenho hora no salão, menina! Vou sair com meu ex...
 - Babado! Vai fazer superprodução? Tá querendo voltar, é?!
 - Que nada, menina! Eu quero é que ele veja o que tá perdendo!!

Os olhares já a poucos centímetros de distância transmitiram a cumplicidade feminina que isentava aquela breve conversa da necessidade de maiores detalhes. A mensagem fora recebida com sucesso.
Um largo sorriso se abriu no rosto de cada uma, enquanto voltavam a se distanciar, seguindo seus caminhos novamente por calçadas diferentes. Não havia mais nada a se dizer.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Talvez não seja a hora...

Desde muito nova, ouço as pessoas dizerem a torto e a direito que "tudo tem sua hora". Se essa afirmação é verdadeira, não há motivo para grande parte das minhas preocupações: basta ter paciência e esperar que essa tal hora chegue logo, ué.
Entretanto, até hoje não houve quem fosse capaz de me convencer a sentar, cruzar os braços e simplesmente esperar. Haja sangue de barata, meu Deus! Como posso ver a vida passando por mim, diante destes olhos castanhos que Tu me destes, e não me incomodar com as oportunidades que pareço perder?
Quando não são situações, são pessoas. Tratando-se daquelas, muitas vezes a coisa parece fluir com mais facilidade no ramo da aceitação: "tudo bem, não deu certo, na próxima vai dar, você vai ver..."; um afago, uns tapinhas nas costas e bola pra frente. Pronto. Não há mais com o que se preocupar. Mas quando o ocorrido envolve pessoas, meu chapa, aí a coisa muda de figura. Aí, o buraco é uns 30 andares mais embaixo.
Se você nunca conheceu alguém que poderia ter feito o favor de entrar em sua vida em outra época - seja ela no passado ou futuro -, provavelmente não encontrará sentido neste texto. Todavia, se a situação supracitada lhe parece familiar, vou logo informando que não pretendo fornecer uma solução para tal problema - muito pelo contrário! Ficaria grata se alguém me desse uma luz quanto a isso... -, apenas estou aqui para transmitir meu sentimento de empatia e dizer: Eu te entendo, meu caro amigo ferrado.
Há alguns meses, uma estrela nova surgiu no meu céu. Seu brilho, diferente de todos que eu já vira, me seduziu ao segundo olhar (talvez porque à primeira vista eu estivesse com a visão um tanto afetada, diante de tão ofuscante luz). Encantada, passei a observá-la mais de perto, noite após noite, e isso me levou a descobrir o que eu não queria: aquela estrelinha brilhava para alguém em especial.
Sofri em silêncio - ok, nem sempre de forma tão silenciosa assim, mas enfim -, desejando mais que tudo ter visto tal ser de luz quando seu brilho ainda a ninguém se destinava, talvez na tola esperança de que ele um dia fosse direcionado a mim.
Finalmente, para o que eu poderia chamar na data de 'minha imensa alegria', chegou o dia em que a estrela se tornou livre e passou a destinar toda a sua beleza e esplendor somente a si. Comemoramos juntas essa conquista e acreditei que, daquele momento em diante, tudo seria diferente entre nós...
E foi.
Hoje a estrelinha exibe feliz seu brilho inigualável, para quem quiser ver e admirar! Nem minha, nem de ninguém. Livre e desimpedida, iluminando cada canto como sempre quis e nunca quis. Não minha. Nunca minha.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

You make me glow


(Sem piadinhas com o fato de não termos curtido a Glow Party, ok? rs)


Never put my love out on the line, never said "yes" to the right guy, never had trouble getting what I want, but when it comes to you I'm never good enough! :/
When I don't care, I can play'em like a Ken doll ;) won't wash my hair, then make'em bounce like a basketball, rs
But you make me wanna act like a girl, paint my nails and wear high heels, yes, you make me so nervous that I just can't hold you hand!
You make me glow... But I cover up, won't let it show! So I'm putting my defenses up, 'cause I don't wanna fall in love; if I ever did that, I think I'd have a heart attack.


;)



Despertar de um Sonho

Virou-se para o lado. Sentiu o vento frio da manhã bater nos pés descobertos e rapidamente os puxou, encolhendo-se sob as cobertas. A luz de um dia de céu sem nuvens entrava pela fresta da janela entreaberta e perturbava-lhe os olhos. Afundou, então, o rosto no travesseiro, desejando que a claridade se fosse e a deixasse voltar a dormir.
O esforço pareceu-lhe insuficiente, encontrava-se já praticamente desperta. Em meio a resmungos, rolou preguiçosamente o corpo para o lado, em uma última tentativa de encontrar conforto em alguma posição que a transportasse de volta ao sonho. Estagnou centímetros depois, antes de tocar o outro lado do colchão, barrada por um volume humano que ocupava aquele espaço.
Arregalou os olhos, assustando-se por um instante, até lembrar-se de uma explicação plausível para o que acabara de sentir. Ao fazê-lo, não pôde conter um sorriso que veio brincar em seus lábios, iluminando-lhe o rosto de menina. Deixou que o calor do corpo dele se espalhasse pelo seu e tomasse conta de cada milímetro sob aquelas cobertas. Adorava a sensação da pele dele na sua, o arrepio que aquilo lhe causava apesar da alta temperatura, o modo como sua mente parecia apagar todos os problemas da memória só para se concentrar naquele toque.
Estendeu o braço para tocá-lo: ainda não estava desperto. Percorreu, então, aquelas costas com a ponta dos dedos... Seus movimentos eram suaves, buscava não acordá-lo; não ainda. Virou-se para encará-lo. Sabia que se ele abrisse os olhos naquele instante, ficaria corado, com base em comentários passados da parte dele sobre como o constrangia ser observado ao dormir. Mas como resistir?! Tratava-se de uma visão tão... Ah, faltavam-lhe adjetivos para expressar.
Aproximou lentamente seu rosto do dele e pôde sentir suas respirações se misturarem. Suavemente roçou seus lábios naquela boca que por diversas vezes lhe sorrira o sorriso mais lindo de todos e o beijou com doçura. Um beijo simples preenchido não por desejo, mas por carinho. Esperou vê-lo abrir os olhos, mas nada aconteceu. 
Então sorriu. Sabia o que seria necessário para fazê-lo acordar e acreditava estar na hora. Com um toque de malícia, aproximou sua boca daquele pescoço descoberto e, agora com menos suavidade que antes, deu-lhe um beijo que se transformou em mordida. Uma, duas, três. Mordidinhas de provocação que subiam em direção à orelha de quem já estava completamente desperto e estampava no rosto seu melhor sorriso.
    __ Bom dia, Sonho Meu.
Agora sim o dia poderia começar, com o sem a luz do céu sem nuvens. Já não mais importava.

Mal-educada

Onde estão teus modos, menina?
Quem te disse que poderias sair por aí expondo teus sentimentos sem que te perguntassem nada?
Aprenda a calar-te. Acaso interrogaram teu coração quanto aos amores e desamores que vêm transitando por ele? Duvido muito! 
Sendo assim, trata de recolher-te ao teu lugar e guardar para si essas bobagens de amor, que de nada valem tuas palavras bonitas para quem não nasceu capaz de cultivar tão belo sentimento. 

Sonho Meu

Ontem sonhei que, dentre as rosas mortas do meu jardim, um botão florescia.
Sonhei que parava para observá-la mais de perto e uma mão me acariciava o rosto, fazendo-me erguer os olhos para encarar o corpo ao qual ela estava ligada. Deparava-me, então, com o sorriso mais encantador que já fitara, num rosto tão familiar que eu parecia conhecer desde antes da minha existência. 
Sonhei que dizia-me palavras doces, as quais não conseguia ouvir, tamanha hipnose em que seus lábios me mantinham - mas sabia que eram doces, porque nada diferente disso poderia sair de tão linda boca - e que era capaz de ouvir meus batimentos cardíacos acelerarem em sua presença. E ria disso. Um riso tão gostoso e contagiante que fazia com que até minha alma sorrisse sem eu notar.
Sonhei que lia meus pensamentos e conhecia minhas inseguranças e preocupações; puxava-me, então, para perto e me acolhia em seu peito, no qual eu encaixava perfeitamente e lá permanecia, ouvindo seu coração. Dizia-me, então, que ele só batia daquela maneira quando estava comigo... E eu acreditava.
Sonhei que me olhava nos olhos e fazia-me sentir arrepiar o corpo inteiro uma fração de segundos antes de unir seus lábios aos meus, fazendo-me entender que aquilo era real.
Hoje acordei e um sorriso me veio aos lábios, porque ao olhar para o outro lado da cama me deparei com meu Sonho dormindo a sono solto, despido de preocupações, tão lindo quanto sempre foi.
Abracei-o e voltei a dormir assim, só para sonhar um pouco mais com a realidade gostosa que agora faz parte da minha vida.

Turbilhão de Memórias

Eram tantas as lembranças que ela optou por deixá-las guardadas naquele espacinho da memória ao qual recorremos quando desejamos reviver o passado, fugir um pouquinho da realidade; essa Pasárgada que há tempos vinha construindo ganhava novos elementos de tempos em tempos e, graças aos últimos acontecimentos de sua vida, a menina praticamente acabara de reformá-la.
Nada de expor em versos ou prosa nada do que se passou nas últimas semanas; contar uma gota tornaria necessário o relato do oceano inteiro e ela, definitivamente, não estava pronta para isso. Talvez outrora, talvez nunca. Quem quiser, terá de esperar para ver.