quinta-feira, 11 de julho de 2013

Despertar de um Sonho

Virou-se para o lado. Sentiu o vento frio da manhã bater nos pés descobertos e rapidamente os puxou, encolhendo-se sob as cobertas. A luz de um dia de céu sem nuvens entrava pela fresta da janela entreaberta e perturbava-lhe os olhos. Afundou, então, o rosto no travesseiro, desejando que a claridade se fosse e a deixasse voltar a dormir.
O esforço pareceu-lhe insuficiente, encontrava-se já praticamente desperta. Em meio a resmungos, rolou preguiçosamente o corpo para o lado, em uma última tentativa de encontrar conforto em alguma posição que a transportasse de volta ao sonho. Estagnou centímetros depois, antes de tocar o outro lado do colchão, barrada por um volume humano que ocupava aquele espaço.
Arregalou os olhos, assustando-se por um instante, até lembrar-se de uma explicação plausível para o que acabara de sentir. Ao fazê-lo, não pôde conter um sorriso que veio brincar em seus lábios, iluminando-lhe o rosto de menina. Deixou que o calor do corpo dele se espalhasse pelo seu e tomasse conta de cada milímetro sob aquelas cobertas. Adorava a sensação da pele dele na sua, o arrepio que aquilo lhe causava apesar da alta temperatura, o modo como sua mente parecia apagar todos os problemas da memória só para se concentrar naquele toque.
Estendeu o braço para tocá-lo: ainda não estava desperto. Percorreu, então, aquelas costas com a ponta dos dedos... Seus movimentos eram suaves, buscava não acordá-lo; não ainda. Virou-se para encará-lo. Sabia que se ele abrisse os olhos naquele instante, ficaria corado, com base em comentários passados da parte dele sobre como o constrangia ser observado ao dormir. Mas como resistir?! Tratava-se de uma visão tão... Ah, faltavam-lhe adjetivos para expressar.
Aproximou lentamente seu rosto do dele e pôde sentir suas respirações se misturarem. Suavemente roçou seus lábios naquela boca que por diversas vezes lhe sorrira o sorriso mais lindo de todos e o beijou com doçura. Um beijo simples preenchido não por desejo, mas por carinho. Esperou vê-lo abrir os olhos, mas nada aconteceu. 
Então sorriu. Sabia o que seria necessário para fazê-lo acordar e acreditava estar na hora. Com um toque de malícia, aproximou sua boca daquele pescoço descoberto e, agora com menos suavidade que antes, deu-lhe um beijo que se transformou em mordida. Uma, duas, três. Mordidinhas de provocação que subiam em direção à orelha de quem já estava completamente desperto e estampava no rosto seu melhor sorriso.
    __ Bom dia, Sonho Meu.
Agora sim o dia poderia começar, com o sem a luz do céu sem nuvens. Já não mais importava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário