Nem mesmo a dor a tiraria de lá naquela noite. Nem mesmo o medo do desconhecido. Nem mesmo o frio, nem mesmo a fome. A sensação de liberdade era boa e fazia valer a pena, há tempos precisava daquilo. Seu corpo pedia, sua mente imaginava... Não podia mais evitar.
Ainda receosa, adentrou o recinto e, em meio a corpos que dançavam e cambaleavam, buscou um rosto conhecido. Qualquer um servia, a única coisa que não queria era ficar sozinha naquele ritual pagão. Por fim, encontrou o último rosto que desejava ver, mas era melhor do que nada. Reuniu, então, os pingos de coragem que a haviam levado até lá e foi falar-lhe. Péssima ideia. Despediram-se tão logo se encontraram que ela sequer percebeu se aquele abraço era uma forma de cumprimentar-se ou se tratava-se já de um adeus.
Seguiu novamente pela multidão e deparou-se com um grupo de pessoas que poderiam levá-la até um rosto amigo - e assim fizeram. A sensação de segurança logo deveria preenchê-la, estava agora em meio a conhecidos que não a deixariam ser maltratada... Mas o sentimento bom não veio, no fundo de seu coração ainda ardia a ferida que se abrira ao ver o primeiro rosto da madrugada, na entrada do recinto. Como fazer a dor parar?
Esgueirou-se, então, entre mais e mais corpos, até encontrar-se num copo de energético e vodka que daria início a uma jornada sem volta.
Quais são seus maiores sonhos?
ResponderExcluirPergunte-me por email :)
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